Alguns acontecimentos da vida nos levam a pensar sobre o quanto realmente conhecemos as pessoas. Claro, falo aqui das pessoas mais próximas a nós, aquelas com as quais temos convívio diário ou um grande laço de relacionamento, como amigos (os que achamos ser de verdade), parentes, namorados... nesse caso mais específico, ex-namorados.
É assustador perceber que, de acordo com a conveniência, em questão de instantes, aquele alguém que parecia ser tão íntimo e familiar, do qual, inclusive, você pode descrever cada "perebinha" que tem no corpo, tornou-se um completo desconhecido. Tudo ficou muito distante, o "mundo" em comum agora são dois, e pertencem a galáxias distintas. De repente, aquela tal "perebinha" até já sarou e você nem ficou sabendo.
Sim, é inevitável, essa é a regra: para evitar maiores conflitos, após a Segunda Guerra Mundial, vamos dividir as Alemanhas. Chega a ser bizarro, um choque, mas é assim que funciona porque, caso contrário, "vai dar mais merda".
Ok, divididas as Alemanhas, surge a Guerra Fria e você percebe que nada foi curado de fato, pelo menos o que deveria ter sido: o relacionamento entre esses dois lados, agora tão ambíguos.
É nesse período que os estranhamentos começam e você pensa: "nossa, não foi com esse cara que eu namorei esses ?? (substitua pelo tempo de namoro) anos". Geralmente os homens se tornam uns cavalos grosseirões e as mulheres umas histéricas descontroladas. O nível de loucura varia de acordo com a intensidade do casal.
Sim, os mundos estão divididos, vocês não se falam mais e nem se cruzam, mas a vida moderna com todas suas tecnologias e as redes sociais da internet possibilitam que esse "encontro" aconteça, mesmo que ambos tenham se bloqueado no Twitter, no Gtalk, se excluído no Facebook e tudo mais. Até mesmo a antiquíssima e tão frequente rádio-cipó faz seu papel aí. Mesmo que involuntariamente, cedo ou tarde, você vai cruzar com uma foto do "ser" no álbum de amigos em comum, ou comentários do próprio, vídeos, citações, fofocas que chegam ao seu ouvido... enfim, acontece, e você estranha tudo aquilo.
O estranhamento vai desde uma camisa nova que o cidadão esteja usando até ideias e opiniões mais absurdas que você nunca soube que ele tinha. A primeira coisa que vem na cabeça uma hora dessas é: babaca! Aliás, "babaca" é uma das expressões mais frequentes usadas para fazer referência ao "serumano", junto, é claro, com "idiota", nesse período.
Como em uma boa e longa Guerra Fria, muitos conflitos acontecem. É um disse me disse e fofocada da porra, é amigo em comum que toma partido, é a nova peguete do "ser" que assombra a vida, as amigas da nova peguete que fazem questão de arranjar um jeito de te sacanear, é cachorro periquito e papagaio, tudo ao mesmo tempo agora, que fazem as cagadas acontecerem na sua vida. Isso tudo até é amenizado se você já tem um paquerete, ou dois, ou três... whatever, mas não resolve. Só o que pode acabar com grande parte desses conflitos é o tempo.
A Guerra Fria durou 44 anos, extinguiu a União Soviética e só aí o muro de Berlim foi derrubado, unificando, finalmente, a Alemanha. O que não significou e nem significa que tudo foi resolvido.
Oremos!