quinta-feira, 26 de março de 2009

Há um segundo tudo estava em paz

Eu não tenho medo da morte, só não quero que ela me tome de assalto e leve todos os meus planos e sonhos de forma banal e inesperada.
A morte só me assusta quando percebo que a vida é muito frágil e, às vezes, não suporta tanta intensidade, tanta vontade de viver.
E quem ai pode explicar qual é o verdadeiro sentido da vida, se é que ela tem sentido algum, quando sabemos que não se pode planejar nada pra amanhã, porque até mesmo o próximo segundo é incerto?
Precisamos viver com cuidado. Um piscar de olhos pode se tornar irreversível.
Até nossos vinte e poucos anos nos sentimos destemidos, imortais, donos de uma vida inteira para seguir. De repente, uma fatalidade acaba com o que, até então, parecia imperecível e nos faz concluir que, viver o agora é viver o amanhã .
Quando alguém morre jovem sempre temos a sensação de que aquela não era a hora certa, e tudo parece brutal. De fato, pra mim, nunca haverá a hora certa para a morte chegar. Ela é por excelência a certeza mais surpreendente de todo o sempre.
Não consigo me acostumar com perdas, nem quero.
Sentir saudades é muito mais interessante do que fazer planos.

Um comentário:

Belenâmbulo disse...

"Não soube quem foi, como não sabemos quem é. Cumpriu o dever, sem saber que o cumpria. Guiou-o o que faz florir as rosas e ser bela a morte das folhas. A vida não tem razão melhor, nem a morte melhor galardão." (Fernando Pessoa)